terça-feira, 3 de janeiro de 2012

sobre "As Vinhas da Ira"

A Cinemateca Júnior proporciona o visionamento de grandes filmes aos jovens, dando-lhes uma visão mais alargada da importância do cinema, que não se resume aos habituais filmes comerciais da indústria americana. É caso do filme “ As Vinhas da Ira” do realizador John Ford, vencedor de dois Óscares.

Este filme é baseado no clássico da literatura, com o mesmo nome, de John Steinbeck de 1939, sendo adaptado para o cinema em 1940 pelo mestre John Ford, surgindo assim um dos grandes clássicos do cinema.

Esta história passa-se durante a Grande Depressão (1929 e década de 30), quando em 1929 se dá o Crash da Bolsa de Nova Iorque em que as acções da bolsa caiem drasticamente, trazendo consequências catastróficas a nível social, económico e financeiro. Uma das maiores consequências foi o aumento do desemprego, que levou muitas famílias, nomeadamente as camponesas, à ruína e à miséria.

Neste filme acompanhamos uma dessas famílias que tudo perdeu, os Joad. Temos como personagem principal o ex-presidiário Tom Joad, interpretado pelo esplêndido Henry Fonda, que tem aqui um dos desempenhos da sua vida (não tendo no entanto recebido o desejado e merecido prémio da Academia). Quando sai da prisão, Tom regressa a casa e descobre que a sua família pretende ir para a Califórnia, pois é neste estado dos EUA que são procurados homens para a apanha da fruta. A família parte em condições miseráveis: um carro para 12 pessoas cheio de bagagem, sendo em cima desta que grande parte da família viaja; o dinheiro não abunda assim como a comida que tanta falta faz à irmã de Tom, Rosasharn (Dorris Bowdon) que se encontra grávida, e aos avós (Charles Grapewin e Zeffie Tilbury). É com a morte dos avós durante a viagem que podemos ver a dureza desta e percebemos que a busca por uma vida melhor não vai ser assim tão fácil para esta família lutadora. Ao chegarem à Califórnia, apercebem-se que não são os únicos a procurar emprego e, apesar de todos os Joad terem conseguido arranjar emprego como apanhadores de fruta, os salários e as condições de vida eram deploráveis. Conseguimos então, através da lente de John Ford, ver o desespero destas pessoas que fazem de tudo para sobreviver e sustentar as suas famílias. É ainda visível a tristeza e a tensão nos rostos dos actores, que nos transportam para a situação dos seus personagens.

John Ford conseguiu com este filme o Óscar de melhor realizador e esse feito deve-se à maneira como este filme não deixa ninguém indiferente. Além do realizador, a actriz Jane Darwell recebeu também um Óscar de melhor actriz secundária, pelo conforto que causa aos espectadores com a sua interpretação da esperançosa mãe de Tom.

A tensão, o desespero e a miséria estão presentes neste filme que nos transporta para uma época depressiva dos EUA e que nos faz comparar a crise de 29 com a crise atual, e vemos que afinal podíamos estar bem pior!

Cláudia Malta e Irina Ludovico • 12º B

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