quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

As Duas Feras, de Howard Hawks

Realização: Howard Hawks / Argumento: Dudley Nichols, Hagar Wilde e (não creditado) Howard Hawks, baseado numa história original de Hagar Wilde / Fotografia: Russell Metty / Direcção Artística: Van Nest Polglase e Perry Ferguson / Décors: Darrell Silvera / Guarda-Roupa: Howard Greer / Música: Roy Webb / Montagem: George Hively / Interpretação: Cary Grant (Prof. David Huxley), KATHARINE HEPBURN (Susan Vance), Charles Ruggles (Major Applegate), May Robson (Tia Elisabeth), Barry Fitzgerald (Gogarty), Walter Catlett (Slocum), Fritz Feld (Dr. Lehmann, o psicanalista), George Irving (Peabody), Leona Roberts (criada, a mulher do jardineiro), Tala Birrell (Mrs. Lehmann), Virginia Walker (Alice Swallow, a secretária), etc.

Produção: Howard Hawks para a RKO RADIO PICTURES / Cópia: da CINEMATECA PORTUGUESA-MUSEU DO CINEMA, 35mm, preto e branco, legendado em português / Duração: 101 minutos / Estreia Mundial: Los Angeles, 18 de Fevereiro de 1938 / Estreia em Portugal: Cinema Tivoli, 28 de Março de 1938 / Reposição comercial a 9 de Dezembro de 1966 no Cinema Condes.


E hoje vamos tratar de dinossauros. Dinossauros? Mais outro Parque Jurássico?, pensarão alguns dos nossos jovens cinéfilos. Não. Por enquanto não.

Os dinossauros neste filme estão limitados a um exemplar, e mesmo esse reduzido a um…esqueleto, que faz parte do Museu de História Natural, ao qual falta um osso que o professor Huxley procura descobrir. Aparentemente o dinossauro está no centro do filme, mas a história é outra. Aliás o título até não tem nada a ver com ele. É de outra bicharada que trata.

Como já gastámos várias linhas em prosa que talvez não vos faça muito sentido, convém já explicar que o filme que vamos ver, Duas Feras, é uma das comédias mais divertidas de toda a história do cinema (que já tem mais de um século de existência), e foi realizado por Howard Hawks já lá vão 71 anos e não precisa de “liftings” nem maquilhagem pois não tem ainda uma ruga.

As Duas Feras do título português, assim como o “Baby” do Bringing Up Baby original, têm a ver com um par de leopardos que andam à solta pelo filme. O primeiro, domesticado, vem pela trela conduzido por Katherine Hepburn (é uma “fera” melómana, pois se está temperamental basta uma canção, a célebre “I Can’t Give You Anything But Love”, para ficar mansa como um bebé). O segundo aparece lá mais para o fim, em estado natural, isto é, “selvagem”. Como são idênticos, calculam as confusões que vão provocar em quem os encontra, uns confundindo o amestrado com o selvagem e vice-versa.

Mas que fazem estes bichos (a que se junta um irreverente cachorro) por aqui? Tudo começou muito antes quando o professor Huxley (Cary Grant, num dos melhores papéis cómicos da sua carreira) encontra, num jantar com um possível mecenas para o Museu, a jovem Susan (Katherine Hepburn) herdeira rica e solteira que resolve deitar a “mão” ao professor, mesmo estragando-lhe o casamento que estava planeado para o dia seguinte.

As relações entre o par desenvolvem-se numa série de confusões e situações caricatas de que o professor é sempre a vítima. Entra em cena o cachorro, propriedade da tia de Susan, que comete o “crime” de roubar o osso fóssil (o único que faltava no esqueleto do dinossauro) e ir enterrá-lo em lugar desconhecido. O que se segue não tem descrição possível, sendo todo o filme uma série de “caçadas” cruzadas, os caçadores atrás dos leopardos, os leopardos atrás dos caçadores, o professor em busca do osso e, Susan atrás do professor.

Duas Feras é considerado, com toda a justiça, como a obra mais perfeita de um género que recebeu em Hollywood a designação de “screwball comedy” que significa “comédia desaparafusada” ou “comédia maluca”, género em que Howard Hawks foi mestre. Fez ainda, entre outros, Bola de Fogo, com um argumento parecido (também uma mulher desembaraçada à “caça” de um homem tímido) e A Culpa Foi do Macaco.

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